MAMA SY YIÁ

A cenografia concebida para o espetáculo de dança Mama Sy Yiá nasceu da tapeçaria de experiências transculturais trazidas pelas bailarinas-criadoras. Essa profusão de imagens e sensações serviu de fonte de inspiração para a criação de duas instalações distintas, mas harmoniosamente interligadas.

A primeira delas assume a forma de um altar, que se erige como um autêntico campo de energia, um espaço destinado à contemplação e reverência. Para conferir uma atmosfera sagrada a esse local, foram criteriosamente selecionadas antiguidades, algumas revestidas em ouro, outras esculpidas em barro, bem como conchas de pérolas de água doce e abalones multicoloridos, todas minuciosamente garimpadas. Algumas dessas peças desempenham a função de receptáculos de água, um elemento de importância vital na concepção global do espetáculo. A disposição espacial sugere que essas peças do altar almejam alcançar os céus.

A segunda instalação ocupa o espaço aéreo, suspensa acima das cabeças das bailarinas. Inspirada pelas formas douradas das montanhas, pelas paisagens e jornadas através de um Brasil profundo e sensível, bem como pelas águas que caem do céu e nutrem generosamente as fissuras da terra. Assim como tudo o que habita o etéreo, essa instalação não é estática, mas atravessa o corpo das bailarinas e se deixa atravessar por seus movimentos. São galhos de uma aroeira sustentando fios dourados, brilhantes e adornados com pérolas, todos almejando tocar o solo.