Videoperformances
A séria de Vioperfomances "Biomas Coreograficos" trata-se de um trabalho investiga como o corpo pode coreografar em parceria com os biomas, funcionando como um sismógrafo sensível às forças visíveis e invisíveis do planeta. Se desenha a partir do mesmo gesto inicial, um estado de escuta profunda ao território, mas cujos desdobramentos materiais e poéticos são únicos em cada contexto, justamente por emergirem das especificidades daquele lugar.
O trabalho se constrói a partir da investigação de uma arqueologia do presente: aquilo que o tempo, a natureza e os humanos deixaram como materialidade residuais de algo que já foi: como resíduos da ação humana e os vestígios silenciosos da própria natureza em seus processos de transformação e regeneração. Colocando meu corpo para me relacionar com os materiais encontrados em campo (restos orgânicos, objetos abandonados, artefatos cotidianos, vegetação, esqueletos, sementes, entre outros), busco reativar seus sentidos e propor um deslocamento de sua condição de descarte para o campo do simbólico, do poético e do relacional.
Um dos aspectos mais importantes dessa proposta é o fato de que ela só se realiza dentro de contextos de residência artística imersiva. Esse não é um trabalho “transportável” ou adaptável a espaços expositivos convencionais: sua força reside justamente no tempo de maturação junto ao território, na convivência com o bioma, na escuta expandida que só é possível quando o corpo desacelera e se permite ser afetado pelo ambiente. Cada versão da obra nasce como resposta sensível a um lugar específico, e é o tempo da residência que oferece a densidade necessária para que isso aconteça com integridade.
Já foi realizado na Amazônia - Manaus, dentro da Residência Labverde - ecologias especulativas (Placenta de Seiva), na Caatinga - Piauí dentro da Residência Artística Capivara (Pele de Rocha) e na Mata Atlântica - Vale do Ribeira dentro da Residência Artística em Performance (Olho de Mulungu). Em cada contexto, é o próprio território que parece nomear a obra. O título não é dado previamente, mas nasce da forma que instalação assume ao final da ação performática. Formas que evocam, intuitivamente, partes de corpos animais entrelaçadas a elementos que se destacaram sensorial ou simbolicamente durante a residência. Cada nome carrega em si tanto uma anatomia imaginada quanto uma impressão profunda daquele ambiente.

Olho de Mulungu
Residência Artística em Performance
Ilha Comprida - Vale do Ribeira - São Paulo
Litoral da Mata Atlântica/2022
Placenta de Seiva
LabVerde - Ecologias Especulativas
Floresta Amazônica - Manaus - AM
Amazônia/2024


Pele de Rocha
Residência Artística Capivara
Parque Nacional Serra da Capivara - Piauí
Caatinga/2025