Ocupação Movimentos Miméticos
Curadoria Lia Visotto

espaço anexo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico
26 de abril à 22 de junho de 2025
O Centro Cultural Banco do Brasil realiza o projeto Anexa_CCBB: Movimentos Miméticos, uma ocupação artística multilinguagem realizada pela produtora cultural Cinnamon, que transforma o espaço anexo do CCBB São Paulo em um ecossistema sensorial. O projeto reúne instalações, videoarte, música ao vivo, palestras e ações sustentáveis que exploram as fronteiras entre natureza, arte e tecnologia.
Tendo como ponto de partida o mimetismo - fenômeno biológico em que seres vivos se adaptam ao ambiente por meio da imitação -, o projeto propõe uma reflexão sobre novas formas de coexistência e de conexão entre indivíduos, ecossistemas através da arte, bem como o uso e papel da tecnologia nos processos artísticos.
"Desde tempos imemoriais, a arte tem buscado imitar a natureza. Mas se na Biologia, esse fenômeno garante a sobrevivência por meio da imitação de formas e padrões, aqui no Movimentos Miméticos ele é uma metáfora para questionar os limites entre o natural e o artificial", explica Lia Vissotto, diretora da Cinnamon e idealizadora do projeto.
Na programação, Atelier Marko Brajovic, Craca, Giselle Beiguelman e Motta&Lima (instalações); Andréa Barbour, Baloji, Antonio Cavalera, Iggor Cavalera, Laima Leyton, Marko Brajovic (videoarte); 2ZDinizz, Jup do Bairro, Mahmundi, TokioDK (pocket-show); Akila, AMADOPEACE, Chediak, Cremosa Vinil, Deekapz, Golden Kong, Gustavo Treze, Hysper, Irmãos Metralha, Meu Caro Vinho, Pensanuvem, Veraneio (DJ set); Eduardo Srur, Jum Nakao, Néle Azevedo, Roberta Carvalho, Rodrigo Bueno (palestras); e Feira Ponto, com curadoria de Mario Panezo (feira sustentável), entre outros.
Olho de Mulungu
Videoperformance - 5'11"
Criação em residencia artística do Vale do Ribeira - 2022
A criação se debruça sobre os ciclos do que é deixado para trás — não apenas os vestígios humanos, mas também os ciclos silenciosos em que a própria natureza se desfaz e se refaz. Sustentada por uma "ecologia dos sentidos", a obra privilegia a escuta e as ressonâncias entre materiais, tempos e geografias. Para materializar essa proposta, a artista concebe uma instalação utilizando elementos resgatados na região de Ilha Comprida, tais como manequins, ventilador, redes de pesca, cordas de atracação, garrafas, enxada, galhos, folhas, bromélias secas, esqueletos de peixe bagre e plantas. Esses objetos, marcados por diferentes temporalidades e histórias, são recontextualizados em uma composição que rompe sua condição de "resíduo" para evidenciar sua potência poética e simbólica.
A instalação é projetada de forma a criar um espaço específico, denominado Olho de Mulungu, que funciona como um campo de forças onde os espectadores e a artista são convidados a adentrar e se deixarem atravessar pelas relações cósmicas que emergem dessa interação. Esse espaço evoca a ideia de "terrenos de encontro" proposta por Anna Tsing, no sentido de que é na fricção entre diferentes formas de vida e materiais que se geram novas ecologias e possibilidades de existência. Dessa maneira, a obra propõe uma experiência sensorial imersiva que amplia as fronteiras da percepção, explorando as conexões entre o humano e o não-humano, o material e o espiritual, o presente e as camadas de memória e tempo que habitam os objetos e corpos envolvidos.






