ANDRÉA BARBOUR
Movimento, Suspensão e Natureza
O corpo é meu lugar. A natureza sou eu.
Minhas inquietações enquanto artista passam pela investigação dessas duas afirmações. Para isso, utilizo o espaço do corpo humano como campo de potencialidades sensíveis e de possíveis relações que despertam um estado de simbiose e imersão com elementos orgânicos e a paisagem.
Minhas produções abarcam desde fotografias e vídeos até performances, intervenções urbanas e instalações. Meu corpo é meio e é suporte dessas criações, afim de evocar a corporeidade como potência estética e tecer aproximações desse corpo com elementos e paisagens naturais compondo formas impetuosas em arranjos multiespécie.
Impulsionada pelas poéticas da sustentabilidade, provoco movimento, através de obras sensoriais que sugerem possibilidades de novos modos de existir e de experienciar relações cósmicas com o mundo. Caracterizadas por uma abordagem interdisciplinar e uma estética poética que promove a reflexão sobre temas relevantes, como a relação entre corpo e natureza, e a preservação do meio ambiente.
O primeiro passo firme dessa pesquisa foi em 2013 com a monografia “NARRATIVAS ECO-ARTÍSTICAS: Uma análise da relação entre arte e educação ambiental a partir da história de vida de educadores”, e que abriu as portas da relação entre arte e meio ambiente na carreira acadêmica. A partir deste momento entendi que seria possível colocar em diálogo ambas as esferas e as obras produzidas na Belas Artes passaram a dar suporte para as pesquisas praticas.
inspirada nesta investigação desenvolvi uma pesquisa corporal artística que fomenta a construção de uma apreciação e um senso de encorajamento do pensamento e da criatividade no indivíduo, clareando a idéia da interdependência das relações ecológicas e sociais, e da importância de cada elemento do sistema. Desta experiência surgiu a oficina "Corporeidade e Natureza" que eu tive a honra de ministrar em alguns lugares de São Paulo.
Recentemente um nova pesquisa tem sido acoplada no processo de criação dessas obras: a inserção de biomateriais, como bioplástico, para dar formas mais significativas e estruturadas a essas criações, expandindo a possibilidade de uso dos elementos orgânicos. Sendo assim, essas produções caminham ao encontro de projetos que enriquecem e dimensionam a economia regenerativa emergente, a medida que se utiliza dessas tecnologias verdes de forma colaborativa em prol da resiliência dos ecossistemas.
Sou artista visual e do corpo, vivo em São Paulo. Bacharela em Gestão Ambiental pela USP (2013) e Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de SP (2008), pesquisadora das práticas performativas com 16 anos de trajetória profissional na dança. Expandi essa investigação em residências artísticas na Colômbia, França, Índia e no Brasil em: Ressonâncias da Dança (Chapada Dos Veadeiros) e Entre Serras (Vale do Matutu), Residência Artística em Performance do Vale do Ribeira.